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Gastos do governo – O impacto do PIB em nossas vidas

Acompanhe os textos anteriores da série: Parte I – Identidade macroeconômica, Parte II – Estados Unidos e Parte III – Emirados Árabes Unidos.

Imagine viver em um lugar, onde os hospitais, escolas e universidades, além de públicos, são reconhecidos internacionalmente por seus altos padrões de qualidade. Onde os pais podem se ausentar do trabalho por até um ano e quatro meses, sem interrupção dos salários para a licença maternidade e as crianças no primeiro ano da escola ganham um MacBook Air para acompanhar seus estudos e ao atingir determinada idade, você recebe um salário equivalente a 6 mil reais, apenas pelo critério de ser cidadão. Sim, este lugar existe! Estou falando da Suécia.

Claro que todo bônus tem seu ônus. A Suécia possui uma das mais altas cargas tributárias do mundo, que pode chegar a 52% da renda. Porquê ninguém reclama? Bom, em primeiro lugar por que o que é entregue  em retorno é de qualidade, como aqui citado. Segundo, pois esta taxa de impostos está em várias esferas, municipais, provincianas e federais, que fazem com que apenas determinadas camadas da sociedade, geralmente os mais ricos – atinjam este patamar de contribuição.

Os países escandinavos são ótimos exemplos de economia altamente baseada em gastos do governo. A Suécia em particular gasta em média 40% de tudo que arrecada somente com seguridade social. Um numero no mínimo curioso se pensarmos que no Brasil, cujo a arrecadação está em torno de R$ 1,1 trilhão (em 2013, a preços correntes) e que seus custos não são mais do que 12% (GIAMBIAGI,2007).

Este período de paz e prosperidade não foi sempre assim, pois até o começo do século passado, a Suécia, assim como seus vizinhos da península escandinava, eram extremamente pobres, ao ponto de sucumbirem de inanição caso a colheita não vingasse. O que mudou de lá pra cá, então? Vários fatores podem ser elencados e dentre os mais citados pelos estudiosos no assunto, destacam-se a não participação nas guerras mundiais (aliás, a Suécia não participa de um conflito entre países desde 1809), a implantação do modelo liberalista que impulsionou a criação de várias indústrias nacionais que hoje possuem representatividade internacional. como a SAAB, a Volvo, a Ericsson e a Electrolux.

Houve uma expansão significativa da renda por meio da mudança do modelo agrário-extrativista, que era predominante, para o modelo industrial, mas o que trouxe os padrões de gastos do governo como conhecemos hoje foi a entrada e permanência do partido dos social-democratas por mais de 40 anos, que elevou os gastos do governo de 20% para 50% neste período. Com a volta do partido de centro-direita ao poder houve um receio de rejeição da população caso este percentual fosse revertido e desde então há uma oscilação gradativa dos valores que são aplicados pelo governo para a população.

Caso semelhante são vistos no Brasil. Algumas políticas, por mais que sejam salgadas aos cofres públicos, são indissociáveis no sentido de satisfação da sociedade. Temos, como exemplo, o FGTS, as aposentadorias e até o Bolsa família. São significativos às contas públicas, mas necessários ao nosso contexto socioeconômico.

Voltando a Suécia, se faz bem ou não aos cofres públicos, cabe ao povo e aos governantes de lá encontrar soluções que causem o menor impacto.

Para saber mais:
Afluxo de mendigos muda a paisagem social da Suécia – http://bit.ly/1Q7zAJ5
Política social e do mercado de trabalho na Suécia – http://bit.ly/1AOrQoy
Análise da arrecadação das receitas federais (dez/13) – http://bit.ly/1eQ5jha
Giambiagi, Fabio. Brasil, raízes do atraso: paternalismo versus produtividade: as dez vacas sagradas que acorrentam o país. Rio de Janeiro: Campus, 2007.

Créditos de imagem:
Estocolmo – http://bit.ly/1KNpz0h
Electrolux – http://bit.ly/1FUcOfQ

Leia os demais artigos que compõem esta série clicando aqui.

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