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Indústria nacional continua em dificuldades

A indústria nacional sofre com uma série de problemas das mais diversas direções. A crise que se instalou no país desde 2014 contraiu fortemente a demanda. Tal problema fica evidente com o alto nível de ociosidade, em outras palavras, a indústria nacional não utiliza toda sua capacidade produtiva. Os dados de maio da atividade econômica brasileira, especialmente da indústria, reforçam a análise. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do IBGE, a indústria nacional recuou 10,9% na passagem de abril para maio. A queda foi fortemente influenciada pela greve dos caminhoneiros, que parou o país por 11 dias. Pesquisa Industrial Mensal A última sondagem da indústria divulgada pela Fundação Getúlio Vargas mostrou que a utilização da capacidade instalada mantém-se em patamares baixos. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) recuou para 76,2% em junho, 0,3 ponto percentual (p.p.) abaixo do resultado de maio.  Acompanhe o gráfico abaixo.

Confiança da Indústria Nacional Monitorar a confiança da indústria nacional é fundamental para entendermos o clima de negócios e as expectativas dos empresários. É evidente que há uma melhora. Mas após uma trajetória de queda constante desde 2010 – com um breve interregno entre 2012 e 2013 – o ritmo de retomada ainda é lento. Nesse contexto, o ponto fundamental é justamente a queda da demanda. O Brasil viveu um ciclo econômico benigno desde o início do século XXI. Tal ciclo foi dividido em três grandes fases:
  1. Demanda chinesa pelas commodities brasileiras;
  2. Investimentos públicos em infraestrutura;
  3. Estímulo ao crédito e valorização do salário mínimo.
Essas fases se sobrepõem, mas o fato central é o efeito que causou na economia brasileira. Os investimentos públicos em infraestrutura puxaram a indústria, especialmente a construção civil. Mas essa fase sofreu o impacto da crise financeira internacional. Para fazer frente à crise, o governo brasileiro entrou com fortes estímulos ao crédito para incentivar o consumo.

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A ideia era manter a demanda aquecida, mas gerou um forte endividamento das famílias e das empresas. A situação externa não melhorou univocamente, a atividade econômica passou a se contrair e o país foi acometido por uma grave crise política e institucional que contaminou a economia.

E como isso afetou a indústria nacional?

Com especial atenção à queda da demanda, a indústria contraiu investimentos. Os empresários mantém-se receosos em prosseguir com investimentos que gerem aumento de produção. Cabe destacar que a ociosidade nas fábricas está entre 25% e 30%. A indústria, contudo, começou a segurar os investimentos antes mesmo da greve dos caminhoneiros.  Isso reforça a leitura de que a demanda ainda não está sólida. O Indicador de Intenção de Investimentos da Indústria do segundo trimestre, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV com cerca de 700 empresas em abril e maio, caiu 7,6 pontos em relação ao primeiro trimestre. Indicador Trimestral de Intenção de Investimentos da Indústria Nacional O resultado é quase o mesmo do fim de 2017 e está abaixo da média registrada antes da recessão de 2014. 95% das indústrias foram consultadas antes da greve, mostrando o alto grau de incertezas. Se a apuração tivesse ocorrido na época da greve, ele acredita que o resultado seria pior.

E agora? Como anda a indústria nacional?

Por fim, mais de 13,8 mil indústrias fecharam no Brasil em três anos. No mesmo período, os investimentos sofreram uma queda de 23,85%. É o que aponta a Pesquisa Industrial Anual Empresas (PIA-Empresas) divulgada no mês passado pelo IBGE. Os dados são de 2016. De acordo com o levantamento, havia 321,2 mil indústrias ativas em 2016 no país, 4,1% a menos que em 2013, antes da crise, quando o número de empresas do setor industrial era de 335 mil. O fechamento das empresas foi mais acentuado entre 2014 e 2015, quando 10,5 mil indústrias fecharam as portas. Com menos demanda, a produção retrai, as vendas seguem baixas. O desemprego agrava a situação e impede que a indústria ajuste a queda nas vendas com preços mais altos. O componente final dessa equação são os preços dos insumos. Boa parte dos insumos nacionais são importados. E este ano o dólar já ficou 20,8% mais caro. Em janeiro, US$ 1 era cotado a R$ 3,21, hoje, está em torno de R$ 3,86. Essa desvalorização do real tem pressionado a margem de lucro da indústria nacional e dificultado a retomada. Seguimos de olho. — Dúvidas, críticas ou sugestões? Fale conosco!

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