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Inflação, emprego e crise

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou recentemente a variação oficial de preços referente ao mês de dezembro de 2017. Com variação positiva em 0,44%, o índice anual ficou em +2,95% – pela primeira vez abaixo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Conforme amplamente discutido no decorrer do ano, a principal influência na queda da inflação veio do grupo de alimentos que, em 2017, acumulou recuo de 1,87%.

É inegável a influencia da queda dos preços dos alimentos no índice geral. Em 2017 o impacto dos alimentos na inflação foi negativo em 0,48%, principalmente pelo peso desta categoria no IPCA, acima de 22 pontos.

Houve quem desse os louros do “controle” da inflação à política monetária. Quem optou por este caminho usou o argumento da defasagem temporal da Selic em 14,25%. Alguns especialistas dizem que os efeitos de uma política monetária restritiva ou expansionista, demoram nove meses para aparecer.

Outros, no entanto, creditaram à recém-nascida emenda constitucional nº 95 (teto de gastos do governo). Estes acreditam que a principal causa da perda do poder de compra da moeda (inflação) está intimamente ligada aos excessos de gastos do governo. Controlar os gastos então seria a peça que faltava para o “descontrole” da inflação.

Diversos argumentos surgiram e cada um deles guarda alguma razão de verdade. O que gera mais estranheza é a falta de argumentos que avaliam o aumento expressivo do desemprego.

Em alguns relatórios o uso da expressão “queda da atividade econômica” pareceu-nos quase um eufemismo para mercado de trabalho em condição bastante delicada. Agora é necessário que façamos a análise correta para que saiamos, com o menor sacrifício possível, de vez da crise.

Existem diversas obras que questionam com muitos dados e exemplo factíveis a influência da expansão da base monetária sobre o nível de preços. Muitos outros questionam a influência da política monetária sobre a retomada da economia em momentos de recessão.

Uma política fiscal contracionista – seja ela pelo corte de gastos ou pelo aumento de impostos – pode até trazer, no longo prazo, os já esquecidos resultados primários positivos, no entanto, associá-la à intenção de correção de outros fatores macroeconômicos parecem figurar apenas em uma cartilha ensaiada há muitas décadas e cujos efeitos são, como já dissemos, altamente questionáveis.

A política monetária restritiva, para corrigir preços administrados e a política fiscal expansionista para estimular crédito no oligopólio bancário brasileiro, são igualmente inócuas.

Portanto, com poucas ferramentas para corrigir um problema que se arrasta por anos, chegou a hora do governo agir em prol de um Brasil melhor. Não um país melhor hoje ou amanhã, para garantir alguns assentos em 2019, mas um país melhor para a posteridade, de verdade.

Nada melhor que falar de problemas do passado do presente e do futuro quando nos dão, de bandeja, um resultado excepcional da inflação.

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